#2. Coisas que eu ainda não sei aos 30 anos
A vida aos 30 pode ser bem diferente do que imaginávamos enquanto crianças.
Nota: alguns textos aqui do Mesa para Duas não foram, necessariamente, escritos no dia (ou na semana) da publicação. Este, por exemplo, foi escrito o ano passado, quando eu completei 30 anos. Bom, aqui vai uma atualização: estou a caminho dos 32 e ainda concordo com tudo o que escrevi nessa lista. Então, divirta-se, e boa leitura. :)
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Quando a gente é criança, a gente acha que aos 30 teremos a vida toda resolvida. Que seremos casados, teremos dois filhos, um apartamento próprio e uma casa de praia para passar as férias.
Bem, estou supondo que este era o imaginário da maioria das crianças da minha geração, mas eu mesmo nunca me imaginei casada e com filhos enquanto adulta.
Me imaginava muito bem sucedida, editora-chefe de uma revista feminina, morando em um apartamento gigantesco em São Paulo, solteira e gatíssima, saindo para beber com minhas amigas à noite (fortes influências de De Repente 30, talvez?).
O ponto é: quando somos mais novos, não só imaginamos nossa vida adulta de determinado jeito, como também acreditamos que, até essa idade chegar, já saberemos fazer uma porção de coisas.
Mas nem sempre isso acontece.
Vou listar aqui algumas coisas que eu imaginei que já saberia, ou pelo menos entenderia melhor aos 30 anos, mas honestamente ainda não sei:
Imposto de Renda. Eu realmente achei que, aos 30, eu já saberia declarar meu IR. Mas a verdade é que eu simplesmente passei a responsabilidade do meu pai, que fez meu IR até eu sair de casa, para o meu contador que faz até hoje.
Pegar estrada. Se você está nesta mesa comigo desde a edição passada, sabe que eu comecei a dirigir há pouquíssimo tempo. Quem diria que, aos 30, eu ainda não teria vivido aquela cena clássica de vento batendo na cara com a janela do carro aberta durante uma road trip solo (mesmo assim, me dando algum crédito: estar dirigindo pela cidade para mim já é uma vitória imensa!).
Falar, pelo menos, três idiomas. Ok, ok. Esse não é um item tão básico quanto os outros. Mas eu realmente tinha uma aspiração quando eu era criança de ser poliglota, queria falar “tantas línguas quanto a Shakira” (sim, essa era minha referência na época).
Engravidar. Eu sei que, na minha idade, minha mãe já tinha dois filhos, um deles beirando a adolescência. Mas, para mim, cuidar das minhas plantas e da minha cachorra é mais do que suficiente aos 30 anos.
Ser a adulta mais adulta do ambiente. Sabe quando você é criança e vê seus pais, tios e avós no comando de tudo? Do itinerário das férias em família, do cardápio das festas de fim de ano, do almoço de domingo. Pois bem, não é sempre que eu me vejo no “comando” das situações, não. Dependendo do ambiente ou da situação, eu me pego procurando o “adulto mais adulto do que eu” para tomar as rédeas.
Talvez a sua lista seja um pouco diferente, mas deve ter algum item que você imaginou que saberia ou entenderia melhor aos 30, mas chegando aqui não foi bem assim. Me fala que eu não sou a única?
Mas, calma. Eu sei que nós, millennials, adoramos falar coisas como “como assim, 30 anos? Eu ainda sou uma adolescente!”, mas também não é bem por aí.
Sim, talvez a vida não esteja exatamente como imaginávamos aos 30. E, sim, tem uma porção de coisas que não são como achávamos que seriam nessa altura da vida.
Mas não, não somos mais adolescentes. E está na hora de eu e você aceitarmos isso, minha querida colega de mesa de bar.
E que bom que não somos mais adolescentes!
Se ainda fossemos adolescentes, provavelmente não saberiamos uma porção de outras coisas que, aos 30 anos, sabemos:
O que eu quero (e o que eu não quero!) da vida e das pessoas. Nessa altura do campeonato, eu já vivi experiências o suficiente para saber o que eu não quero para minha vida, e tenho mais clareza para ir atrás do que eu quero.
Manter a casa em ordem. Manter a casa limpa e organizada, lavar a própria roupa, fazer compras no mercado, agendar os próprios médicos, pagar as contas, cozinhar um arroz… enfim, o pacote básico da vida adulta.
Cuidar da saúde física e mental. Ter consciência de nossos hábitos, alimentação, fazer escolhas mais saudáveis e equilibradas e manter a terapia em dia (se esse pratinho não está em dia por aí, saiba que é bem importante).
Cuidar dos seres que você escolheu ter por perto. Posso não estar pensando em filhos neste momento, mas certamente há outros seres que dependem, direta ou indiretamente, dos meus cuidados: minhas plantas (tudo bem se algumas morrerem, faz parte!), minha cachorra, meu noivo, meus pais, meus amigos. Modéstia a parte, eu sou a melhor mãe que a Wanda poderia ter!
Ter objetivos (e ir atrás deles!). É bom demais ter clareza dos meus sonhos e objetivos de vida, ir atrás deles, e mudar a rota sempre que necessário. Talvez você já tenha realizado um ou outro sonho à essa altura da vida… uma viagem, uma meta profissional ou pessoal. Eu já. :)
(Um sonho bobo meu de criança que de fato de concretizou: sempre quis trabalhar de cafeterias. Achava chique demais levar o seu notebook para o Starbucks e ficar trabalhando lá. Corta para eu, nesse exato momento, escrevendo essa edição de um café.).
De novo, talvez a sua lista seja completamente diferente da minha (provavelmente é). Mas certamente você também tem a sua lista, de conquistas e também de coisas que fugiram da expectativa da sua versão mirim.
A vida aos 30 pode ser bem diferente do que imaginávamos enquanto crianças. A maioria de nós se tornou adultos diferentes de nossos pais e avós, e talvez isso dê a impressão que ainda não chegamos “lá”. Mas já chegamos, sim. Estamos indo muito bem.
E é só o começo. :)
Me vê mais uma, o papo tá tão bom!
🔗 Três links para você aprofundar a conversa
“De repente, a maturidade chegou e, ao invés de pesar, me fez mais leve. Mas não foi ontem que eu tinha 20?” Sobre os 40 anos e uma conversa com a versão de 20. [link]
O que a adolescência deixou para as mulheres que somos? Neste podcast, a perspectiva de três mulheres bem diferentes. Para ouvir, rir e se emocionar. [link]
Você desaba no fim do dia? Até botar os pés em casa, rola segurar a onda. Mas, uma vez na zona de conforto, o esgotamento vem à tona. Se identifica? [link]
Nem te conto…
🍺 As fofoquinhas que rolam na mesa entre um café e uma cerveja…
Esse post da @content.vc me pegou muito. Uma reflexão sobre influenciadores religiosos que, cada vez mais, promovem uma vida de luxo, com viagens para Cancún e bolsas da Louis Vuitton, acompanhada do discurso de “foi Deus que me deu”.
Com a linha entre a fé genuína e a mercantilização dela cada vez mais tênue, até que ponto essa “nova fé digital” está a serviço do próprio enriquecimento?
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Eu achava que estaria com filhos, casa própria e a vida muito bem estabelecida... hoje não quero nada disso, exceto a vida estabelecida kkkk
É curioso, porque era essa a visão que eu tinha dos meus pais e dos adultos ao redor, mas se eu for parar pra pensar, e analisar a situação de fora, COM CERTEZA eles se sentiam perdidos e estavam tentando dar conta de todas as demandas da vida adulta deles (eu era uma delas, ne).
Acho que isso tem muito de "a grama do vizinho é mais verde" que vem em qualquer idade, mas vez também desse olhar infantil que temos para quem aparenta ter mais autoridade (mas que não necessariamente tem).
Adorei o texto!!!!
se alguem me perguntasse hoje como é estar na casa dos 30 eu definiria como: não ter chegado aonde você quer, mas conseguir aproveitar mais o caminho do que antes :) hoje faço coisas que nao me imaginava fazendo aos 20 anos e são ótimas, enquanto ainda to beeeeem longe do que eu imaginava que seria a vida a essa altura. acho que isso que é o legal da vida né, ir mudando a perspectiva conforme o tempo passa!
(e pra não ficar sem registrar: ameeeeei a news)