#1. Da primeira vez à milésima… tem chão!
Fazer uma coisa pela primeira vez é fácil. Agora, fazer uma coisa de novo, e de novo, e de novo… nem tanto.
“Quando foi a última vez que você fez algo pela primeira vez?”
Essa frase é tão batida que, talvez, só de ler essa primeira linha, você já tenha revirado os olhos. É um clichê enorme, mesmo.
Mas frases assim se tornam populares por um motivo: elas fazem sentido, não?
Há quatro anos atrás, com 28 anos, eu criei vergonha na cara e fui atrás da minha habilitação (depois de dez anos enrolando com isso). Passei na prova do Detran de primeira, fiquei toda feliz e, então… estagnei.
Não peguei o carro até 2023, já com 30. Me recusei a ficar com a CNH pegando poeira na minha carteira, servindo apenas como uma substituta ao RG. Fechei umas aulas extras para quem tem medo de dirigir, decidida a ir à luta.
(Inclusive, descobri recentemente que esse medo de dirigir é muito mais comum do que eu imaginava, principalmente entre as mulheres. Se você se identifica com isso também, me conta?)
Hoje foi a segunda vez que peguei o carro sozinha. Vim dirigindo até o café em que escrevo neste momento. Um misto de liberdade, autonomia, e um cagaço medo do caramba.
Ainda tenho que lembrar conscientemente de olhar os espelhos. Não tenho total noção do tamanho do meu carro, e sempre acho que vou bater no colega do lado. Estacionar, então… foi um sufoco.
Mas eu fiz. E sei que, quanto mais eu fizer, mais essas coisas vão se automatizando dentro de mim. E eu sei disso porque, assim que eu sentei na mesa do café, lembrei que eu já me senti assim uma porção de outras vezes na vida.
Não sei se você jogava vídeo-games entre 2005 à 2010, mas nessa época tinha um jogo chamado Guitar Hero, que era basicamente “tocar guitarra” apertando os botões coloridos que apareciam no ritmo de alguns clássicos de rock.
Eu, assim como todo ser humano que já se propôs a jogar esse jogo, era péssima no início. Não dava para terminar uma música sem ser vaiada pela plateia.
Mas eu continuei. E continuei… ouvindo o barulho desafinado da minha guitarra quando eu errava, ouvindo as vaias do público. Até que fui ficando boa. Muito boa. Até ser capaz de tocar Dragon Force no nível máximo, sem sequer perceber o que eu apertava no controle—de tão automático que aquilo tinha se tornado no meu cérebro.
Quando eu saí do jornalismo e comecei a trabalhar com Marketing Digital, minhas primeiras campanhas foram desastrosas. Levei duas semanas para criar um fluxo de e-mails simples, que hoje faço em um dia.
Eu sei que provavelmente devo estar chovendo no molhado aqui, e trazendo uma reflexão bastante óbvia… mas eu sinto que nós esquecemos disso, hoje mais do que nunca.
Nem sempre temos paciência ou disposição para dar tempo para o resultado. Para o aperfeiçoamento. Queremos ser muito bons pra ontem.
Fazer uma coisa pela primeira vez é fácil. Você só está experimentando. Agora, fazer uma coisa de novo, e de novo, e de novo… nem tanto.
Sustentar essa sensação de primeira vez, de não fazer ideia do que está fazendo, de fazer torto, de parecer uma criança. É aí que mora o desafio.
Isso se aplica a literalmente tudo: trabalho, exercício físico, ter uma alimentação equilibrada, desenvolver um hobbie ou habilidade nova, aprender um idioma, dirigir.
Entre a primeira vez, em que somos o próprio patinho feio daquela atividade, e a milésima vez em que aquilo se tornou simples e automático… tem chão!
Um chão que nem sempre a gente está disposta a andar.
O escritor Igor Alcântara nos chamou de “a geração que não sabe esperar”:
“Culpamos nossa falta de tempo para não aprofundar. Não temos disposição para dar continuidade. Se não atendeu às expectativas de primeira, não há espaço para uma segunda chance.”
Bom, não tem como evitar esse chão. É impossível ficar bom em algo, sem perseverar.
Te trouxe hoje uma porção de clichês que já estamos cansadas de saber, mas que é sempre bom lembrar—e, mais do que isso, praticar.
Eu nunca vou me sentir confortável atrás de um volante, se não continuar dirigindo. Qual é o chão que você vai se propor a começar (e continuar) até chegar à milésima vez?
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Obrigada, e até quarta-feira que vem. :)
me identifiquei do começo ao fim, queria ler mais sobre esse assunto e ouvir mais do que você tem a dizer! (ps também tenho carta e medo de dirigir)
na real que tenho me identificado com todas as newsletters que estou lendo em seguida nesse momento (leitora nova por aqui 😅), podia rolar um dia café e bate papo Vanessa e Caroline com as seguidoras, eu iria!!!!
to amando sua escrita e os episódios de podcast, me sinto genuinamente conversando com amigas e já estou ansiosa pra puxar a próxima cadeira hihi
Amiga, me identifiquei tanto!
A sensação de fazer algo pela primeira vez é a empolgação do momento, do novo, do diferente. Em alguns casos pode dar um friozinho na barriga, mas se não for algo que você quer muito de fato a chance de continuar tentando, fazer pela segunda, terceira, quarta vez... ai sim é bem mais desafiador!
Aprender a sustentar, como você disse, para mim é a chave do sucesso. Perserverar no erro e aceitar que esse é o único caminho.
Já to com todas as cadeiras puxadas <3