#5. O que é “dar certo”?
Às vezes o “dar certo” não é, necessariamente, sobre números.
Quem é vivo sempre aparece, é o que dizem. Tomei um susto quando vi que a última edição foi enviada em outubro (!!) de 2024. Ficamos quase cinco meses sem Mesa para Duas, mas juro que não tinha abandonado o projeto — só coloquei de volta em um casúlo, para que ele pudesse crescer. E eu estou muito, muito feliz, com o que está por vir.
Então, se você chegou por aqui agora, te convido a se inscrever para não perder nossas próximas conversas:
“Será que vale a pena fazer isso? Tenho medo de não dar certo.”
Eu aposto um café que eu, você e toda a humanidade já sentimos isso pelo menos uma vez — ou algumas incontáveis vezes, se você for como eu.
Vou falar por mim: eu sempre fui uma pessoa que tem muitas ideias. Eu gosto de testar, fazer coisas diferentes, brincar, criar. E, em um contexto de internet, isso se traduz em muitas ideias de conteúdo e projetos digitais.
Já inventei um milhão de projetos que nunca saíram do papel. Em parte por preguiça (admito), mas às vezes por causa de uns monstrinhos que moram na minha cabeça.
O clássico:
“O que vão pensar de mim se eu fizer isso?”
O primo feio do anterior:
“Quem sou eu pra colocar essa ideia no mundo?”
E o que parece bonzinho, mas não é:
“Antes de começar, eu preciso investir em 7 cursos e comprar 19 equipamentos para me preparar. Aí, sim, estarei pronta.”
Apesar deles, eu consegui por alguns projetos no mundo. Mas a maioria morreu precocemente por ansiedade da criadora. Os sabotadores voltam, com outro discurso:
“Meu Deus, isso aqui tá uma merda.”
“Ninguém tá prestando atenção nisso aqui que eu tô fazendo.”
“Flopou.”
“Não deu certo.”
Só tem um detalhe: na maior parte das vezes, eu nem sabia o que queria dizer com “dar certo”.
E eu tenho pensado muito nisso.
Uma amiga (vou chamá-la de Maria) criou um canal de daily vlog no YouTube. No começo, ela estava mega feliz. Mas, já no terceiro vídeo, começou a desanimar porque “ninguém estava assistindo”.
Outro amigo (vou chamá-lo de João) está há meses planejando produzir conteúdo para o Instagram, mas não sai do campo das ideias. Não consegue partir para a execução.
Não julgo. Essa newsletter existiu por quase dois anos na minha cabeça antes de ver a luz do dia. Eu também tinha medo de não “dar certo”.
O estalo veio quando eu estava conversando com eles e perguntei: mas o que você quer com esse projeto, afinal?
A Maria só queria documentar a sua vida, porque é algo que ela curte fazer. Mas, de repente, desanimou porque seu canal não estava chegando a números expressivos de audiência.
O João queria mostrar mais o seu trabalho, ter portfólio digital para mostrar para os clientes. Não quer ser influenciador. E mesmo assim tem medo que seus conteúdos “floparem”.
Parece que todo mundo criou uma regra não-verbal que, na internet, só é bem sucedido o conteúdo que teve milhões de likes, visualizações, seguidores. O que bombou, viralizou, ficou famoso e está fazendo publi.
É claro que, se você está na internet para trabalhar, a conversa muda um pouco. Nesse caso, gostando ou não, a gente acaba ficando um pouco refém do algoritmo mesmo, e o “dar certo” significa, no fim das contas, que seu negócio paga suas contas.
Mas nem sempre é o caso, e o problema é que a gente não consegue mais só por as ideias no mundo por diversão.
Ou você está no jogo para ser o maior e melhor, ou você é um expectador.
Ou no palco do Allianz Parque com estádio lotado, ou na plateia. Não existe meio do caminho.
A gente perdeu o gosto por produzir algum conteúdo só porque a gente quer. Ajustando a régua do “dar certo”.
Se a Maria só queria documentar a sua vida, já não é bacana demais que ela está mantendo a constância, testando novos formatos, treinando seu olhar para o audiovisual — e, de quebra, recebendo respostas incríveis de amigos e de uma audiência que, embora pequena, realmente adora seus vídeos?
Talvez o João nunca seja um grande influenciador (ele nem quer isso, afinal). Mas imagina se ele começa a movimentar seu Instagram, e isso o leva a conseguir um cliente ou projeto incrível—que jamais teria acontecido se ele não tivesse começado.
Fala se isso não seria “dar certo”.
Às vezes o “dar certo” não é, necessariamente, sobre números. Talvez seja sobre aquela porta que só se abriu porque você deu um passo à frente.
Eu me coloco nessa roda também.
Quando eu tinha meus 20 anos, eu criei um blog. Porque eu quis. Porque eu queria escrever sobre coisas que eu não conseguia escrever na faculdade de jornalismo.
Esse blog nunca teve mais de 1.000 sessões por mês (quando muito), mas me levou a lugares bem legais. Cobri eventos como imprensa. Fiz um portfólio. E consegui um estágio em uma empresa que, futuramente, me levou a uma carreira inteira dentro do Marketing Digital.
Em números, meu blog nunca foi um sucesso. Mas, pensando em portas abertas, ele deu certo demais.
Essa newsletter que nos falamos neste exato momento tem, atualmente, 40 leitores (obrigada por ser um deles!). Nosso espaço não chega a ser uma kitnet na imensidão da internet.
Mas, na edição passada, eu escrevi sobre “coisas que eu ainda não sei aos 30 anos”, e isso fez com que uma amiga escrevesse isso:
O resultado: o Mesa para Duas deixando de ser um projeto pessoal, meu espacinho para escrever… para se tornar um hub de conteúdo multimídia. E, mais do que isso, uma conversa compartilhada com muitas mulheres, que é algo que eu sempre quis fazer.
Um podcast.
E, claro, uma newsletter que continua sendo nossa principal troca em formato escrito.
Uma nova marca. Novas cores. Novo logo.
Parceiros (parceiros!! isso é chique demais) envolvidos para o Mesa continuar chegando a mais lugares.
Me fala se isso não é “dar certo”.
Hoje, essa newsletter tem 40 leitores. Eu não sei se um dia seremos 400, 4.000, 400 mil. Se seremos o podcast mais ouvido no Spotify ou se serão apenas nossos 10 melhores amigos nos ouvindo a cada episódio.
E eu genuinamente não me importo. :)
Já deu certo. E que bom que eu só comecei.
Me vê mais uma, o papo tá tão bom!
🔗 Links para você aprofundar a conversa
Dito tudo, nós continuamos a conversa no Mesa Para Duas — Podcast!
O podcast é semanal, com episódios toda quarta-feira. Apresentado por mim e pela Carol Bearzotti, ele segue a mesma premissa da news: ser um lugar que é como uma mesa de bar ou de café com suas amigas.
Já a newsletter está oficialmente de volta, e continua em formato quinzenal: quarta sim, quarta não, sempre na sua caixa de entrada.
Ah! Também estamos no YouTube, se você preferir ouvir (e ver!) o episódio por lá:
Se você já ouviu, me diz o que achou? Vou gostar de verdade de saber. :)
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